Para dar alguma sugestão ou ajuda a alguém que tenha demência e/ou a seu parente/família, é preciso que tenha informações detalhadas sobre a pessoa e experiência no assunto, pois muitas vezes, pode atrapalhar mais do que ajudar.
A demência pode gerar várias consequências, entre elas a falta de interesse em leituras e atividades. Algumas pessoas podem ter a parte motora afetada por algum acidente vascular, limitando os movimentos. Ou seja, várias atividades que o idoso fazia, físicas e mentais, vão sendo deixadas de lado.
É comum amigos ou familiares incentivarem os idosos a levantar, a caminhar, a ler, fazer palavras cruzadas, etc, afinal só depende deles a melhora! Assim, acham que estão dando força e apoio moral e que eles vão passar a fazer tudo só porque foi dito! E não é bem assim. Deixando claro que em casos de pessoas acometidas por demência em um grau alto e lembrando que todos nós temos limites, logo eles também tem! E esse limite geralmente é muito pequeno.
Em situações assim, o apoio passa a ser uma tortura, porque o idoso, se estiver lúcido, vai se sentir mais incapaz ainda, afinal está sendo cobrada uma atitude sobre seu corpo que não “funciona” mais como antes, que não consegue mais executar, trazendo nervosismo e aflição.
Os idosos que não estão lúcidos, não tem noção do que está acontecendo e ficam angustiados porque percebem que estão limitados mas não conseguem assimilar, e tentam realizar por ter alguém naquele momento “cobrando insistentemente” algo que é impossível.
Para ambos os casos, a cobrança torna-se incômoda. A percepção de que não se pode mais fazer certas atividades e a incapacidade física ou mental são difíceis de aceitar e conviver. E quando tem alguém insistindo, é a lembrança o tempo todo, o que pode levar o idoso ao isolamento e tristeza.
O apoio moral e incentivo pode funcionar no começo do processo e serviria para retardar as fases, não interrompê-las. Atividades físicas e de raciocínio ajudam muito, mas em determinado momento. No momento crítico, que é a virada de estado físico, as coisas mudam. Por isso devemos prevenir, e, já que temos exemplos próximos, temos que praticar atividades físicas e estimular a mente, não importa a idade.
O tipo de estímulo e atividade que a pessoa com demência necessita, vai caber aos profissionais da área de saúde, pois indicarão as horas certas e a maneira certa, observando a possibilidade e habilidade de cada um no momento de vida que se encontram. Terapias ocupacionais, fisioterapia, enfim, o que puder ser feito dentro das possibilidades e com acompanhamento de um profissional.
Outra situação que atrapalha são amigos ou parentes que querem dar ordens quando chegam ao hospital, casa ou clínica que o idoso está. Não são habilitados para cuidar de idosos e nem tiveram experiências de cuidar de alguém doente, mas querem dar palpites em tudo, criando um problema a mais! Geralmente vão exigir mais do que pode ser feito ou vão dar sugestões que podem ir contra ao que está sendo feito e orientado por profissionais, colocando em risco todo o trabalho realizado para tranquilizar o idoso, mantê-lo calmo e estável. Quem mais sofre é o idoso, que pode ficar agitado.
O que acontece muito e desestabiliza emocionalmente uma pessoa com demência, é quando a visita ou o parente não aceita a “viagem” do idoso e quer convencê-lo da realidade. Infelizmente isso é muito comum, podemos presenciar na rua, em consultórios e até mesmo em casa! Se o idoso está desorientado ou faz referência a alguém que não está ali, ou acha que quem está ao seu lado é outra pessoa (muito comum), não tem como dizer o contrário, não vai ser possível convencê-lo que o que ele está “vendo” não é verdade, pois, no entendimento dele, é verdade! Isso só vai deixá-lo confuso e atordoado. O jeito é concordar ou “entrar na onda”, aceitar que é um episódio de desorientação e contornar de maneira tranquila. É fácil (ou menos difícil) para quem está lúcido entrar no mundo deles do que trazê-los de volta ao nosso.
Nunca obrigue o idoso a fazer algo que ele não tem condições, nem tente convencê-lo do que o que ele está vendo não é verdade. Se o quadro de demência está instalado não há o que fazer, o jeito é ter paciência. Se há alguns momentos de lucidez, aproveite esses momentos.