É comum a gente ouvir comentários que acompanhar o processo de uma pessoa com demência é difícil, é doloroso etc.
Realmente não é nada fácil, pois além das demandas e preocupações que o idoso traz, presenciar a “ausência” que vai se instalando dá um aperto no coração.
Em determinado momento, a pessoa com demência atinge estágios mais avançados da doença e as consequências são difíceis de aceitar e conviver. O idoso passa a não reconhecer amigos e familiares, repetir coisas, fazer a mesma pergunta várias vezes, comer muito e mais uma série de sintomas, que vai depender de cada um. É complicado.
Já tratamos de vários cuidados e dicas, mas agora vamos falar da convivência. Não adianta reclamar ou esperar milagres, é uma doença degenerativa que ainda não tem cura, logo, em primeiro lugar, deve-se cuidar da medicação, alimentação e segurança do ente querido. Uma vez que está tudo sob controle, é deixar o tempo correr.
Mas, o que fazer depois de estar tudo devidamente estabilizado?
A resposta é: aproveite a presença do seu familiar ou amigo! Aproveite o tempo, a companhia da pessoa querida. Mesmo que ela não lembre de nós, nós lembramos dela! As histórias, boas ou ruins, os momentos, isso não vai se apagar da sua memória.
A relação passa a ser mais espiritual, intuitiva. Sempre haverá um olhar, um instante, e você poderá perceber ou ter a impressão, no olhar, que um brilho de lembrança pode ter aparecido! Às vezes, mesmo sem interação, podemos sentir o carinho que sentem por nós, em um simples olhar. Converse com seu idoso, relembre, sorria, mesmo que ele não esteja interagindo. Aproveite o instante, não só lamente.
E se você não tiver boas lembranças? Não importa mais, infelizmente já aconteceu e nada poderá mudar, mas você terá a chance de perdoar, de tentar entender ou simplesmente trazer para si um momento de paz em uma troca de olhares. Tente um afago! Não deu para ser de outro jeito. Mesmo que nosso idoso não responda ou corresponda, você vai se sentir melhor.
Tente!