Nunca devemos apagar de nossas memórias ou esquecer quem foram nossos idosos e isto não é tão simples.
Pessoas que foram fortes, de muita personalidade, inteligentes, bonitas, e demãos características pessoais, com o tempo, elas vão se transformando: a personalidade já é mais flexível, a beleza amadurece e a disposição física se transforma. Quando essa pessoa é acometida pela demência ou pelo Alzheimer, a mudança é maior e mais rápida, praticamente “deixando de ser quem foi”, física e mentalmente, para ser tornar uma pessoa em branco. As ideias não brotam mais, o humor fica diferente, a postura, enfim, tudo vai diminuindo.
É evidente que continuam sendo nossos queridos (e nós os queridos deles!), mas, em uma situação bem diferente. É uma viagem de volta ao passado, o idoso passa a se tornar uma criança, depois um bebê, repetindo a curiosidade e olhares até chegar ao estado de maior sonolência e entrando na fase de poucos movimentos.
Nesse tempo, enquanto ainda estão olhando ao redor e ainda interagindo, percebemos que não esqueceram de nós, mesmo não sabendo mais ou não lembrando, eles têm uma simpatia, um carinho, é um sentimento de segurança ou afinidade, que não sabemos explicar, mas, que percebemos no olhar. O olhar diz muita coisa!
Tendemos, erroneamente, a infantilizar os idosos por eles serem tão indefesos quanto crianças, mas, nunca podemos apagar quem eles foram. É importante mantermos a imagem dos tempos de lucidez e produtividade, é importante mantermos as lembranças, mesmo aquelas que não são tão boas, pois, se perdemos isso, o legado que o nosso querido vai deixar não vai ser o que ele foi e, sim, como ele estava no final da vida, que é muito pouco perante toda uma vivência de sonhos e realizações. Não devemos esquecer o que aprendemos na convivência com ele, para não esquecermos da nossa própria história.