O filho ou
a filha (geralmente é a filha) que cuida da mãe e ou pai idoso ou parente
doente, passa a viver sua vida em função dessa tarefa.
Os finais
de semana deixam de existir, os amigos vão ficando para depois, as atividades
vão escasseando e o tempo livre que sobra, quando sobra, é para descansar. E a
rotina volta, porque todos os dias são iguais. Caso a pessoa trabalhe, é ainda
pior: tem a responsabilidade do trabalho e ainda a rotina do idoso, é um
cansaço duplo. Se tiver família, então... tomara que esta seja muito compreensiva
e que ajude nos cuidados.
A verdade
é que a vida muda, a rotina muda. Cuidar de um idoso ou pessoa doente, tem que
estar atento aos horários dos remédios, horários da alimentação, banhos,
cuidados pessoais, hidratação e mais uma série de atividades. Resultado é que,
para dar uma boa atenção e não haver falhas, o melhor é organizar rotinas e
horários. E se preparar, pois, quem cuida, acaba vivendo dentro dos horários da
pessoa cuidada: hora para acordar, hora para comer, hora para medicação etc.,
até a hora de dormir, isso quando o idoso tem um sono tranquilo, já que, em
vários casos, idosos trocam o dia pela noite e não dormem à noite ou acordam no
meio dela, ou têm mania de se levantarem e andarem pela casa, correndo o risco
de queda ou até mesmo sair! Como dormir tranquilamente?
Enfim, o
tempo vai passando e não percebemos essa dinâmica. Um dia, chega a hora de
partida da pessoa idosa e como fica quem cuidou tanto tempo e de maneira tão
intensa? Como lidar com a perda e, ao mesmo tempo, com a mudança de rotina?
Porque, sim, a rotina vai mudar de novo e você que vive ou vivia em função de
outra pessoa, vai ter que reaprender a viver para voltar para a sua vida e para
isso, a primeira atitude que indico é fazer atividades diferentes: sair mais de
casa, viajar por uns dias, conversar com amigos que não via há tempos. A missão
da pessoa cuidada, já terminou e a sua com ela, também. Mas, a sua vida
continua e você terá que cumprir a sua própria missão neste mundo, então,
cuide-se!
Procure
viver mais a sua vida, procure dividir as tarefas de cuidados com outros
parentes ou profissionais, tenha um tempo só para você, abstraia, olhe para a
vida! Tente não adoecer junto. Um dia, nosso ente querido vai nos deixar e além
da dor, vamos ter que reaprender a viver, e com o tempo e a idade, já não fica
tão fácil assim.