Gênio e comportamento


O gênio e o comportamento durante a vida podem ajudar ou atrapalhar na velhice. Tanto em relação ao idoso, como em relação aos que estão próximos.

Geralmente se envelhece como se vive: mais introspectivos, mais rabugentos, mais extrovertidos, mais simpáticos. Ninguém muda: aumenta! Tendemos a ser mais um pouco do que éramos!

Podemos, também, perder a autocensura, o filtro, e colocar para fora aquilo que ninguém sabia ou imaginava que passava em nossas mentes.


Em relação às pessoas com demência, ninguém nunca “voltou” da demência ou do Alzheimer. Nunca contou como é estar assim. Diferentemente de pessoas que voltam do coma, onde alguns dizem que escutavam, outros que viam luzes e outros que nada sentiam, não sabemos como é estar com demência. Acho que não podemos afirmar com certeza o que eles lembram, pois, podem lembrar de uma pessoa mas não de outra, podem esquecer o que aconteceu há dez minutos (ou menos). Podem não esquecer quem são, mas podem esquecer de pessoas próximas, de costumes, de afazeres. Será que ficam confusos, mas logo em seguida esquecem? Será que tem noção de que estão limitados tanto física quanto mentalmente? Tudo é um mistério.

Por vários motivos, acho que pessoas que viveram bem, foram bem humoradas e mais comunicativas, quando demenciam, podem continuar de bem com a vida. Mesmo que tenham perdido lembranças, vão ter mais jogo de cintura, vão lidar bem com o “novo” que a cada dia se apresenta. Conheço duas idosas assim. Convivo com elas há vários anos e as conheci lúcidas. Eram pessoas animadas com astral alto e agora, na demência, continuam de bem com a vida! Mesmo que não me reconheçam e que quase nada mais lembrem da vida, continuam simpáticas e brincalhonas, continuam sorrindo.

Pessoas que viveram cheias de mágoa e que tiveram uma vida mais silenciosa, podem ficar mais reclusas ainda.

Pessoas que eram tolhidas, após a demência, passaram a se sentir livres: de complexos, de críticas, de frustações.

Há também pessoas que podem ter, inconscientemente, preferido abdicar da vida, das lembranças.

Não se sabe o que se passa nos pensamentos e lembranças. É um mistério, pelo menos para mim.

A minha conclusão é que devemos ser melhores, cultivar bons pensamentos e procurar sermos mais felizes para que, caso essa fase aconteça, seja melhor para nós e menos dolorosa para quem acompanha. Nossa vida depende de nós. A velhice faz parte da vida.