Cuidados com a saúde


Até aqui foi comentado o caminho que a demência pode fazer e algumas soluções de como “sobreviver” a isso. A família deve se acostumar à nova realidade, à rotina e principalmente aos novos cuidados com o idoso.

Dependendo do grau de dependência é necessário mais atenção aos cuidados físicos de um modo geral, já que o idoso poderá não ter mais noção de como se cuidar.

Estes detalhes trarão melhor qualidade de vida, esteja o idoso em uma casa geriátrica ou não.

PELE

A pele tende a ficar mais sensível e ressecada e caso haja o uso de fraldas, poderão aparecer assaduras. A tendência a ficar mais sentado ou na cama poderão acarretar escaras, que são pequenas feridas que podem ficar difíceis de serem tratadas. Para isso, a hidratação é muito importante. É comum o uso de hidratantes, pastas, pomadas, óleo de amêndoa ou girassol, enfim, existe uma infinidade de maneiras de cuidar.

Fazer a barba pode causar ferimentos devido a sensibilidade da pele. Por isso, deve-se fazer com aparelhos que não irritem a pele e com menos frequência. Deve se manter a vaidade, mas lembrando do bem estar. As unhas também tendem a ficar diferentes e pode aparecer micoses devido à baixa imunidade, mas podem e devem ser tratadas com acompanhamento de um podólogo. É muito importante conversar com um dermatologista, que indicará os produtos mais adequados.

A mudança de posição também colabora. Para aqueles que ficam acamados é importante evitar a mesma posição por muito tempo e para os que ficam muito sentados existem assentos em gel, que oferecem conforto. Há também colchões infláveis (que não custam muito caro, basta fazer uma pesquisa) que evitam feridas e acomodam muito bem. O corpo mais frágil exige mais cuidado. Em caso de camas hospitalares, sugiro forrar as grades para evitar machucados em caso de contato constante.

Para dar banho, o sabonete líquido é uma boa opção, pois, conforme a pele fica mais sensível, o contato do sabonete em barra pode machucar principalmente nas áreas de cotovelos, joelhos e ombros, ainda mais se o idoso estiver magro, o que geralmente acontece. O sabonete líquido é mais fácil de espalhar e por isso não causa incômodo.

BOCA

Prestar atenção em dentes que possam estar amolecendo, retirada de tártaro e possível inflamações e infecções. Podem ser comuns. A higiene deve ser feita diariamente com enxaguante bucal sem álcool aplicado com um algodão na gengiva e dentes, cuidadosamente. Para escovação, a pasta dental deve ser a líquida e, de preferência, a que tenha o gosto mais agradável e que não seja muito forte.

OLHOS

A lubrificação natural dos olhos pode ficar comprometida pela debilidade do organismo, entupimento dos canais lacrimais e flacidez. O idoso pode aparentar que está lacrimejando então é melhor conversar com o médico sobre a necessidade de usar colírio especializado. A flacidez da pele pode atrapalhar também a abertura dos olhos (pálpebras).

ALIMENTAÇÃO

Como já disse, na nova fase a suplementação alimentar é muito importante. Frutas, legumes e suplementos reforçarão a imunidade. Pode ser comum idosos terem Distonia, que é um movimento involuntário do corpo, fazendo com que se gaste mais energia, logo é mais um motivo para reforçar a alimentação. Nunca se esqueça de conversar com um nutricionista sobre o cardápio a ser administrado.

Idosos com demência podem desenvolver Hiperfagia, que é um distúrbio alimentar. É muito comum verificar idosos que acabaram de fazer sua refeição reclamarem que estão com fome e se deixar fazer outra refeição, e comem sem perceber o limite. Por isso que uma dieta balanceada e nos horários certos trarão a certeza de que estão bem alimentados e no caso de reclamarem que estão querendo comer algo, evitar dar grande quantidade e conversar com o (a) nutricionista sobre a melhor maneira de satisfazer a fome sem prejudicar o organismo por excesso. Os pacientes podem ter, também, dificuldades para engolir os alimentos e até mesmo se engasgarem com alguns. Mais uma vez, a nutricionista deve ser ouvida.

DOENÇAS

- Perda óssea começa na meia idade. Quando chega a terceira idade o organismo apresentará uma perda maior, o que pode acarretar a queda de dentes. Uma consulta com um dentista é a maneira de evitar infecções e transtornos causados pela idade. Ele irá indicar o que fazer em relação à higiene, extrações e prevenção.

- infecções urinárias são recorrentes, principalmente em pacientes que usam fraldas geriátricas e não fazem a troca e a higiene de maneira correta. A imunidade é mais baixa, por isso deve haver um cuidado redobrado.

- anemia é muito comum em idosos e pode acarretar problemas maiores. É bom ficar atento.

- frio e calor podem prejudicar a saúde e devem ser encarados com bastante responsabilidade. Pneumonia também é bastante comum e pode levar à internação. O uso de roupas leves, adequadas e principalmente confortáveis fazem toda a diferença. As roupas podem ser de qualidade média, pois gastam muito rápido nas lavagens e, por outro lado, tem que ser aconchegantes, tanto no frio quanto no calor. Roupas de algodão, na minha opinião, são as mais indicadas. Nem sempre roupa bonita é confortável para quem fica muito tempo sentado ou deitado. Mais uma vez, o bem estar é mais importante do que a aparência.

- para quem não se movimenta muito, é comum os pés ficarem inchados. O uso de meias deve ser observado, para que não apertem as pernas. Neste caso as meias sociais são mais indicadas pois protegem e não apertam.

- dependendo da doença e do quadro que se desenvolve, os movimentos vão diminuindo, causando a atrofia dos músculos. Em vários casos, com o passar do tempo e com a evolução, os idosos podem ficar em posição fetal. Um profissional da área de fisioterapia pode colaborar para retardar o processo e, principalmente, sanar as dúvidas.

- a perda de memória costuma ser o primeiro sintoma. Confusão mental e esquecimentos recentes passam a ser frequentes. Com o tempo, as lembranças que mais vem à cabeça são as mais antigas. Alguns idosos podem ter “visões” ou “alucinações”: vão ver coisas que não estão ali, vão falar com pessoas que não estamos vendo e vivenciar situações que só eles estão percebendo. Na verdade, não está acontecendo para nós, mas para eles, sim. Não adianta tentar convencê-los de que aquilo não está sendo real ou que eles estão confusos. Isso trará mais confusão mental e eles ficarão perturbados. É muito mais fácil nós aceitarmos o que eles estão falando. Não adianta trazê-los para o nosso mundo, é mais fácil participarmos do mundo deles nesse momento. Não é fácil, mas, para eles é melhor.

Todos os exemplos e situações citados aqui são possibilidades que podem acontecer total ou parcialmente.

Minha experiência é de filho e não de profissional de saúde. É extremamente importante a consulta com os profissionais (médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros, técnicos, cuidadores, psicólogos...).