É muito provável que todos nós
cheguemos a tal situação. Mais cedo ou mais tarde as “peças começam a dar
defeito”. Sempre falo que são a exceção os idosos que passam dos setenta anos e
não tem problemas. A grande maioria já sofre de algum tipo de mal: os diversos
males do cérebro (demências, Alzheimer, isquemias, etc.), artroses, diabetes,
pressão alta, depressão, solidão e outras. Enfim, uma infinidade de doenças e
com isso as
necessidades vão mudando e aumentando. Geralmente boa parte dos
problemas provém de doenças degenerativas. Higiene, alimentação e remédios são
cuidados que devem ser priorizados.
HIGIENE
Quando o idoso que apresenta
certo grau de dependência, ainda está lúcido e começa a receber os cuidados
necessários, ele percebe que está sendo cuidado. Essa situação provocará certa
resistência por parte dele, afinal geralmente as pessoas não gostam de depender
do outro, principalmente no que se refere aos cuidados com a higiene. A hora do
banho e a troca de fraldas, na minha opinião, são algumas das situações mais
delicadas. Quando um idoso está sendo banhado ou está tendo a sua fralda
trocada por algum membro de sua família, pode se sentir em uma situação
desconfortável ou até mesmo humilhante.
Para mulheres pode ser menos
complicado, pois, geralmente são
cuidadas por outra mulher e mesmo que seja da família, não traz maiores
constrangimentos. Já para o homem, acredito ser bem constrangedor ser banhado ou
ter fraldas trocadas por uma filha ou alguma parente. A “inversão” dos papéis
pode ser humilhante, ser cuidado por alguém que já cuidou, ter essa pessoa
enxugando suas partes íntimas, enfim, dividir a intimidade pode ser penoso. Por
isso que acho que este tipo de atividade tem que ser feita por cuidadores, que
são profissionais e não haverá vínculos familiares.

No caso de alto grau de
Alzheimer ou demência, o paciente não terá noção da situação, o que seria menos
constrangedor para ele.
ALIMENTAÇÃO

Quanto aos alimentos, as compras devem ser organizadas para que se
tenham sempre frutas e legumes frescos, comprados diariamente e com pesquisa de
mercado: saber qual o mercado mais em conta, dias de promoções, o que vale a
pena comprar mais, enfim, evitar gastos desnecessários para que se possa
empregar o tempo e dinheiro em mais benefícios para a família.
REMÉDIOS E FRALDAS
Em relação aos remédios e fraldas, a dica é que se faça uma
pesquisa detalhada. A Farmácia Popular fornece uma série de medicações a um
preço bem mais em conta, basta se informar e ficar por dentro da burocracia,
como que tipo de remédio que precisa de procuração
para retirar, quais não precisam, a
validade das receitas, a quantidade que
pode ser fornecida por cada receita, etc. são detalhes que ajudam muito a
dinâmica e a economia e facilitam muito a vida. Como falo sempre, muitas das
coisas só sabemos na hora em que precisamos e então acaba virando uma urgência
e que atrasando pode prejudicar o idoso. A correria para resolver questões
urgentes pode causar mais estresse em quem cuida.
Para remédios que não estão incluídos no programa da
Farmácia Popular e demais itens de uso constante como suplementos alimentares, sugiro
que se faça pesquisa de preço em várias farmácias e principalmente na internet.
Há embalagens também com mais quantidade, o que também sai bem mais em conta. A
diferença de valores pode ser bem grande.
Fraldas e material de higiene (incluindo luvas de procedimentos) também
devem ser pesquisados em vários locais. Comprar por atacado pode ser uma
solução mais barata, principalmente procurando em lojas pela internet, que
facilitam o pagamento e ainda entregam em casa, dispensando a mão de obra de
carregar grandes e pesados embrulhos.
As fraldas devem ser de qualidade para maior conforto e para que evitem
surpresas de vazamentos, principalmente em caso de saídas de casa.
Outra parte importante da
rotina é a ida a médicos, exames de rotina e demais tratamentos que devem ser
agendados e organizados dentro da necessidade de quem precisa e da
possibilidade de quem leva. O ideal é ter alguém da família disponível para
isso ou tentar dividir a responsabilidade entre familiares (o que não aconteceu
comigo, era somente eu). Existem procedimentos que não podemos “terceirizar” e
que somente alguém da família que pode acompanhar, principalmente os que
precisam informar o histórico da pessoa.
Administrar a rotina da vida
de alguém com dependência não é tarefa
fácil: cuidados médicos e pessoais, higiene, alimentação entre outros. Como
conciliar isto tudo com a vida de quem cuida? E quando a pessoa que cuida
trabalha, tem filhos e tem que cuidar da própria casa e da vida? O que fazer?
No dia a dia o que mais
existe são palpiteiros de plantão sem experiência. Encontram soluções mágicas
para tudo e que nunca dão certo na prática. Atrapalham mais do que ajudam,
pois, na hora em que suas “sugestões” dão errado, simplesmente somem. Sem
contar as que ajudam somente por interesse.