Por que que, geralmente,
fica por conta da filha os cuidados com os pais ou mães idosos? Dentro de uma
lógica, os homens morrem antes das mulheres e as viúvas, com o tempo, acabam
precisando de cuidados especiais e a filha, por ser do mesmo gênero, acaba
cuidando. Outro motivo é o óbvio: as mulheres cuidam, elas têm instinto de
cuidado e de proteção, que o homem, geralmente, tem em um grau menor.
É muito comum
em uma consulta, exame e mesmo em casa, a filha acompanhar os pais. Antes,
podíamos dizer que era por ser “dona de casa” e não trabalhar fora, e hoje em
dia? Até as que trabalham fora mantém os idosos em sua casa com cuidadores ou
com alguém para fazer companhia.
Aos filhos, pelo fato de “serem homens” não cabem esse encargo.
Conheço filhos
que cuidam, mas, geralmente são filhos únicos ou aqueles que foram “escolhidos”
pelos irmãos por ser solteiro ou ter mais condições ou por sua esposa “poder
ajudar”, dentre outras desculpas.
É justo isso?
Não existe
lei, não está na Constituição e nem no Estatuto do Idoso, que as filhas que são
as responsáveis naturais pelos seus idosos ou que um dos filhos seja “eleito”
para isso.
Todos devem
participar dos cuidados e atenção para com seus pais.
Está na hora
de mudar isso, até porque, participar da velhice de seu ente querido, é
importante para filhos e filhas e principalmente para o idoso, por saber que
seus filhos estão unidos e acompanhando sua vida, demonstrando carinho e cuidado.
A presença de
todos é importante também pelo desgaste pessoal e, também pela despesa. Não é fácil,
principalmente nos dias hoje, manter equilíbrio emocional e arcar com todos os
gastos sozinho. Quando o idoso tem condições, já é uma grande ajuda, mas, mesmo
assim, há o desgaste emocional e físico e a falta de privacidade, pois, a casa além
de limitar os hábitos e atividades dos moradores da residência, também é
dividida com profissionais, que não são pessoas da família, por mais que sejam
simpáticos e agradáveis.
Geralmente, os
filhos costumam ter “preocupação” com gastos do idoso quando este tem uma boa aposentadoria
ou pensão e, principalmente, depois que se vão, quando os filhos que não tinham
como cuidar resolvem aparecer para reivindicar seu quinhão, enquanto quem
cuidou está vivendo um luto e tentando se adequar a rotina sem seu ente querido,
o que não é nada fácil.
Convido os familiares a pensarem no esforço da filha ou filho que cuida, do carinho e da preocupação envolvidos e no cansaço que essa situação pode trazer. A união da família é um grande alento para uma velhice digna e para que todos possam compartilhar essa vivência e se manterem unidos, mesmo depois da despedida.